O próprio “eu”
Não é realidade fácil a pessoa sair de si mesma, do seu egoísmo e do estado de autorreferenciamento. Assim, as palavras, humildade, pequenez e simplicidade são todos desafios para a atual cultura. O que vemos mesmo é a busca pertinaz de grandeza, poder, boa aparência e individualismo exacerbado. O ter, quando enraizado na sensibilidade do coração, obscurece a identidade do “eu”, do ser.
Na Palavra de Deus está um exemplo esclarecedor desse fato, quando olhamos para as pessoas concretas de um fariseu e de um publicano (cf. Lc 18,10). Os dois entram num templo e têm atitudes diversas. O fariseu, cheio de orgulho próprio, de vaidade, centrado em seu próprio “eu”, não se abre aos propósitos da Palavra. O publicano demonstra humildade e consciência de sua pequenez.
Há o perigo da pessoa viver escondida por trás de máscaras, que escondem a realidade da vida e a torna falsa na sociedade. O Papa Francisco chamava isso de “clericalismo”, de tradicionalismo, de onde surgem os grandes escândalos, provocando sofrimento para a vida da Igreja. Podemos dizer que a falsidade tem “pernas curtas”, porque a verdade sempre vence nos momentos certos.
Os personagens bíblicos tiveram grande sensibilidade para com o sentido da vida. Paulo escreve a Timóteo falando da fé como parte essencial da existência humana e do seu estilo pessoal, de forma desprendida no seu currículo de vida. Viver além do próprio “eu” é a pessoa colocar-se nas mãos de Deus, tendo nele a plena certeza da recompensa e da coroa da justiça (cf. 2Tm 4,8).
O coração da pessoa, isto é, o espaço existencial onde o “eu” individual, ou a falta de humildade é muito evidente, ali não tem lugar para Deus. A isto chamamos de individualismo exacerbado, sem sensibilidade para com as realidades divinas e nem para com o outro e, às vezes, até em relação à natureza. É como dizer, “eu me basto e pronto”, não dependo de motivações, nem de fora e nem do alto.
Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba
Paraíso
Sobre a reportagem "Projeto social divide moradores no Jardim Paraíso, em Rio Preto", é preciso firmeza do Judiciário, com internação compulsória e determinação de clínicas com trabalho e reabilitação.
Assistencialismo concentrado nos bairros gera aglomerações, aglomerações geram uso de entorpecentes, que leva à criminalidade para sustentarem o vício.
João Ricardo Ferreira, via Instagram